terça-feira, 20 de julho de 2010

Inspira Som

No claro-branco da única lâmpada acesa na casa, o barulho vem de fora, do frio, da fumaça. Dos motores que rondam essa noite de Lua quase-cheia, por detrás do nublado céu escuro-acinzentado. De dentro, ouço o atrito no asfalto, vejo as luzes duplas em movimento. Volantes olhares fixos e vozes rindo conversam sobre o dia que, mesmo ontem, no amanhã lembrará o que hoje importa. Mais uma porta bate e a buzina conforta o motorista. Daqui, ouço o silêncio inexistente em pensamento e imagino uma melodia em meio aos sons imperceptíveis aos meus ouvidos. O som este que sai do lápis ao tocar o papel (parecido com aquele das teclas)... combustível de ideias. O desenho da estória contada com letras é o lúdico do poema, é a marca do autor. Sem ele, um conto perde a cor e a prosa segue um caminho reto de leitor desatento. O que nos prende é a vontade de sentir o peso do lápis e de ouvir o ruído-alimento que fez o atrito com o papel e rompeu, com isso, a barreira do silêncio.

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