Rio de Janeiro, 06 de dezembro de 2010
Volto a lhe escrever depois de longa data. O silêncio tomou conta das minhas palavras e por isso peço perdão. Pude encontrá-las, esta manhã, ainda esparsas. Separei um papel amarelado e este envelope, pensando no momento em que você as receberá.
As gotas de ontem secaram, em dura realidade, a ilusão que cobria meus olhos. Um imenso clarão se abriu no horizonte, veio sem sombra. Desbotou a cor da amendoeira defronte à minha janela. Corri pra dentro do sonho alagado, cheguei perto dela e na foto só vi manchas. Não me reconheci. Os pés brancos recortados do chão, meu corpo enrugado desprazer.
A distância emudece. Suas palavras despertam. A voz de hoje me ensurdeceu.
Desde aquele dia, te encontro nos quintais de mangueiras largas e carregadas, no canto das cigarras, cambaxirras e sabiás, nas letras que deságuam em chuvas cada vez mais freqüentes por aqui, na pele e no sorriso outro, nas melodias de fé e descrença, nos abraços, nas cores e flores, no meu andar, no meu olhar.
Lembra daquela canção de aniversário que a Zezé cantou ao pé do seu ouvido naquele 14 de dezembro? Nem lembro mais como era, mas sei que ela terá muito prazer em repetir este gesto de carinho.
Daqui, festejamos suas conquistas e sonhos. Os laços estreitos e devidos apertos. A parceria eternizada, generosidade das palavras. Saudamos também os tropeços, as amarras e o desfecho.
Para sempre em nós e até quando nos for permitido, cantaremos a você!
Um beijo carinhoso,
Da Birela.
“Toda espera encontra seu lugar”
Renata Macedo