Quantas sobras incompletas de sentido. Reunidas, seriam o todo? Mas qual é o sentido do conjunto de incoerências? O mosaico de quase-pensamentos completa qual ideia no diário desenfreado de palavras? Não sei se escrevo para alguém. Também desconheço quem possa compreender o que pretendo com este ato.
Escrevo-me em cada palavra. Não tenho medo dela (a palavra). Presa ou livre, deixo que venha sem pejo. Sendo o desejo nada mais que a natureza do sentido. Gosto mesmo é de folhear meu bloco de palavras. São tão bonitas, todas elas juntas, uma atrás da outra, em cima, embaixo, longa ou crua. Pra que entender uma arte tão singular que por si só é bela? Às vezes penso que escrevo para vê-las depois. Uma vontade de preencher o vazio – este que fica menor a cada instante que arredondo as linhas e desenho letras distintas, isoladas ou unidas. Este que é envolvido pelas formas mais estranhas e ao mesmo tempo confortadoras. Este transformado em ponte entre as pessoas. Por mim as palavras nem precisariam ter sentido... elas já são.