quinta-feira, 12 de julho de 2012

Gangorra

E ela gritou
Ecoou no seu corpo o som que ninguém mais ouviu.
Ainda sinto a vibração do antes me engolindo por dentro.
O vazio encheu o peito e transbordou as lágrimas represadas.
Primeiras em muito, desde não lembro como chorava tanto.
Brado pranto calado tempo demais, ais de mim.
Cantou novamente
Fechada a cortina, despe a outra.
Limpa o rosto e caminha com o silêncio.
Deixa pelo chão a marcação da noite.
Volta ao espelho
Espero por ninguém
Volto para mim
Desperta outro alguém
Vai e vem
sem fim
sem toque
sem zelo
Desespero.
Ela se ouviu
Eu acordei.  
                                          
Palhacinhos na gangorra, de Portinari