segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Por detrás do olhar

Onde estará a verdade?

Como isso tudo aconteceu?

Se não lembro dos detalhes, desconfio.

Enquanto vivo, descomunico

O que sinto - meu boicote.

Você me pergunta então:

- O que viu no meu olhar?

- Seu olhar? Ah, sim... o olhar.

Meu olhar se inibe com seu olhar, como se olhasse com seus olhos tristes. E outro olhar observa a cena de fora com olhos de quem proíbe.

As palavras construídas soam como mentiras, na mesma proporção da dúvida, minha.

Falo, mas nem eu mesma acredito.

Ouça-me, ouça com meus ouvidos! De repente, assim, entenda o que venho dizer. Ou acredite sem pestanejar.

- É isso! Está me ouvindo?!

Eu vi quando olhou pra ela com o olhar que nunca me viu. Mas meu olhar já olhava o dela antes disso existir. Por isso, não acho que olho pra ela pra lhe provocar, mas porque sinto prazer no olhar.

Meu olhar olhou o dela, o dela olhou o meu. Seu olhar como era? Já me envergonho de ver.

Sob os olhos dela que desejos hão de ter? Não sei. Fiquei cega olhando o outro olhar que nem era o seu.


4 comentários:

  1. Hum...essa coisa de ver com os olhos de fora, me pego fazendo isso, em algumas ocasiões é quase constragedor, pelo menos pra mim, que tenho a impressão que fui pega! Talvez a impressão mais "saia justa" que há. Os olhares de fora são extremamente perspicazes, desafiadores pra quem tem o dom de ver além da façe e desconcertantes quando seu brilho ou lá no fundo a imagem nos denuncia.

    Ótimo ler, concordar, encafifar e me divertir.

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  2. Devaneios de um olhar heterorregulado. rs

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