quarta-feira, 7 de abril de 2010

Acolá

O pano amarrado por suas extremidades marca um paralelo no horizonte e convida a outro universo. Com os pés, de leve, balanço no ar e dou partida a uma viagem de sensações...

A luz que chega com o fim da tarde por entre as nuvens, tinge em tons de amarelo o cenário monocromático e a ponta de cada folha de árvore. Um verde mais claro veste todo o entorno até o limite denso da mata fechada.

Com força, impulsiono meu corpo pro lado oposto - oposto e acima das mesmas nuvens que escondem o calor redondo do restante do céu. Logo que me encontro no lugar desejado, estico o pescoço e, em estado de êxtase atordoante, me vejo cega diante da explosão de um branco ensurdecedor. Saio do meu corpo sem perceber e me projeto na continuação do movimento primeiro. O reflexo de imediato ao susto é fechar os olhos. Fica mais fácil de me achar no escuro. E assim o faço, só que agora na descida. O que antes etéreo, dessa vez soma com maior peso à boca do meu estômago (não vejo a hora de concluir a trajetória errante deste arco!). Sinto a mudança de temperatura no meu rosto e depois de completamente estática, nos confins do meu corpo. Um instante de relógio, mas uma pequena eternidade em mim.


* foto de A. C. Kehl ( ackehl.multiply.com)

3 comentários:

  1. Huuumm...dessa vez você exagerou...nas palavras!

    E que bom que pareçe exagero! Tive a impressão que viraste bailarina para descrever com tanta propriedade uma trajetória de arco, mas mais do que bailarina acho que você exagerou e acabou de tornar-se uma acrobata-bailarina que em pleno devanio de sensações e linguistica apuradas não ficou tonta depois de tão perpendicular arco! Tontos ficamos nós os leitores-fãs que nos abrigamos aqui mesmo que chovam canivetes e que o amarelo não quebre a mesmice monocromática.

    Parabéns Gabi!

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  2. Talvez o mais enigmático e surreal dos seus textos, talvez o mais simples e objetivo de todos. Mas eu acho que o compreendi como uma sensação de movimento lúdico; dentro, um grande tornado, fora, apenas um "balançar".

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  3. Adélia, Adorei seu comentário e principalmente o carinho com as palavras! Obrigada!
    Elisa, Gostei muito da sua síntese sobre o texto e acho que foi mesmo isso, mas o fiz sem saber o q seria ;) hehe Bjinhos às duas

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