E você? O que está ouvindo ultimamente?
Deixe-me saber...
No véu que esconde seu olhar
A imagem refletida se perdeu
Junto com ela, a desbotar,
Meu cais...
Sonho que o tempo, em si, refaz
Anseio que o receio atroz desfez
Em ais... Não volta a ser!
O céu que havia nesse olhar
Traçava a direção, luzia o breu
Ando sem rumo a procurar
Nem sei...
Se a cada passo avanço mais
Ou traço meu caminho ao revés
Pro fim... de achar você.
* música composta em agosto de 2008.
Onde estará a verdade?
Como isso tudo aconteceu?
Se não lembro dos detalhes, desconfio.
Enquanto vivo, descomunico
O que sinto - meu boicote.
Você me pergunta então:
- O que viu no meu olhar?
- Seu olhar? Ah, sim... o olhar.
Meu olhar se inibe com seu olhar, como se olhasse com seus olhos tristes. E outro olhar observa a cena de fora com olhos de quem proíbe.
As palavras construídas soam como mentiras, na mesma proporção da dúvida, minha.
Falo, mas nem eu mesma acredito.
Ouça-me, ouça com meus ouvidos! De repente, assim, entenda o que venho dizer. Ou acredite sem pestanejar.
- É isso! Está me ouvindo?!
Eu vi quando olhou pra ela com o olhar que nunca me viu. Mas meu olhar já olhava o dela antes disso existir. Por isso, não acho que olho pra ela pra lhe provocar, mas porque sinto prazer no olhar.
Meu olhar olhou o dela, o dela olhou o meu. Seu olhar como era? Já me envergonho de ver.
Sob os olhos dela que desejos hão de ter? Não sei. Fiquei cega olhando o outro olhar que nem era o seu.
Será agora o momento?
Em quanto tempo?
Poesia é vento.
Enquanto penso, não escrevo
E a poesia é
Vento
Lendo, bebo.
Sendo, vejo.
Escrevo, duvido
Escrevo.
É seca a terra
E deito nela
À espera,
À espreita.
Lenta faz-se a colheita.