quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Caixa Preta

Acordo pensando no exato instante em que me perdi de você. E no escuro em que me encontro nada faz sentido. Pergunto coisas banais e outras mais e as palavras se esfarelam no ar. Me alimento de vazios e meu chão se abre num abismo sem fim - estou sozinha. Não! Hoje me sinto só, acompanhada de dúvidas, cercada de incertezas e olhares... é, estes olhares de que tanto fala e deseja, me impulsionam neste abismo-escuro-vazio. Aqui só entra um de cada vez, nunca se está acompanhado num abismo. Como uma caixa sem fundo, o seu entorno é tão iluminado e colorido – é perfeito! Acho que isso deixa o vazio ainda mais vazio e o que está dentro da caixa, ainda mais sombrio - quanto mais belo o lado de fora, mais escuro e ermo fica aqui dentro. Algumas palavras batem na parede e voltam pra mim como facadas. Estou certa, estou errada? E quem irá julgar? Quando saberei o veredicto?

3 comentários:

  1. Lembrei-me de Drummond:

    "Os três sonhos superpostos
    dir-se-iam apenas elos
    de uma infindável cadeia
    de mitos organizados
    em derredor de um pobre eu.
    Eu que, mal de mim!, sonhava."

    Porque me parece girar Em derredor de um pobre eu
    o perder-se de alguém; parece ser um cata-vento de giro infinito.

    E, Ai, de mim!, se este alguém disser o veredicto...

    Beijo.
    (o poema é Sonho de um sonho)

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  2. Você foi preciso, Sérgio! Ai de mim... ai de mim! Obrigada pelo poema do grande. Beijo pra vc

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