sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Noite Feliz

E, mais uma vez, num espaço de poucos minutos, ela repetiu a pergunta sem se dar conta que a mesma, fora respondida na primeira e segunda vez. A resposta, essa que soou como badalada seguidamente alta? Não lembrava mais. Por onde teria escapado? Será que se perdeu naquele pensamento novo que pra todos parece cansativo e chato? As pessoas perdem a paciência tão rápido ultimamente. Ah! Lembrei o que eu queria perguntar! Mas, que dia é hoje mesmo? Por que estou neste carro? Eu conheço essas pessoas, que bom. Devem me levar pra casa. Sim, é isso. Estamos voltando da festa na casa do meu filho. Eu me despedi dele? Não. Acho que não. Não sei... não lembro. Ah! Lembrei o que eu queria perguntar! E eu, jantei? Tinha comida lá? Pra onde estão me levando? Poxa, não presenteei ninguém. Vou chegar e ligar pra me despedir com calma. Hein?! Já perguntei o que? Não entendi. Às vezes não consigo acompanhar o ritmo das pessoas... até as pernas reclamam. Eu, calada? Nada... Ah! Lembrei o que eu queria perguntar! O que? Do que estão rindo? A essa altura as pessoas em volta se olhavam e riam num jogo de aparente compreensão, mas total descontrole e embaraço. Ai, como é bom estar em casa. E o meu filho? Me despedi dele? Será que ele vai ficar triste comigo? (Deita para dormir) Poxa, não dei presente pra ninguém. Eu tranquei a porta? (Levanta da cama devagar e caminha no escuro até a sala) Trancada!

4 comentários:

  1. Só comentariam aqueles que desse momento compartilharam. Você conseguiu perceber a perfeita imperfeição de uma memória seletiva e mal embaralhada que só em alguns momentos possibilita um bom jogo. A personagem principal já se reconheceu nesse seu "conto" de uma vida real?

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  2. Nossa memória nos prega peças e por vezes nos dá em troca uma realidade outra, diferente da que, aparentemente, 'nós' temos. Não acredito ser seletiva por opção, apenas mais uma peça desse esconde-esconde.
    O jogo ao qual me refiro não é um "bom jogo", mas um jogo cruel de quem a princípio pode ver tudo, pois tem todas as cartas na mão, mas por algum motivo fica cego diante do outro. Não passa de uma covardia.
    Inclusive, a personagem em questão nem notou o que aconteceu.. estava perdida em seus pensamentos, em sua memória "imperfeita".

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  3. oi, moça. adorei o rabiscadora de papel. sergio natureza me indicou degustação de um certo bloco de notas. foi notada e anotada.

    quero convida-la a trocamros figurinhas tb rabisco

    www.giselagold.com

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  4. Querida, que prazer tê-la aqui no meu bloquinho ;) Fico feliz que o Sérgio tenha repassado pra vc. Vou ler seus textos com carinho.. obrigada pela visita! bjoss

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