Nadava
buscando a superfície. Não tinha mais ar para continuar debaixo d’água. Algo me
puxava para o fundo, pesava meus braços e pernas. O peito apertado e os olhos
vermelhos, cegos de pavor. Seria este o fim? Sem força para acreditar, deixei a
correnteza levar meu corpo. E, como uma mãe embala o filho, bem junto ao seu
coração eu adormeci, no fundo, do fundo, do mar.
Colocou
um pé atrás, pegou impulso e saltou. Ladeeeeeiraaaaa! No meio do caminho
congelou o pensamento: “morri!”, mas tinha pouco tempo de vida e resolveu
seguir com a gravidade até o fim. Foi quando o asfalto a parou que ouviu: “acorda!”
Toda
manhã acordava sorrindo, levantava cedo e logo o calor penetrava sua pele. Passava
o dia admirando aquele olhar, aquele único olhar capaz de hipnotizá-lo por
horas. O mundo enfeitado à sua volta e ele só tinha olhos para o Sol. Da janela
do quarto se via um campo de girassóis.