sexta-feira, 13 de junho de 2014

catarse coletiva

o ponto de partida
receio anseio
canção dividida

um impulso
e o mergulho
labuta labuta
noite e dia

um, dois, três
e agora?
dez, vinte, cem
e a torcida
fia o fio da fé
novelo em mim

vitória!
de um, dois, três
de trezentos! 

e a despedida?
é o rebento
da canção
é a catarse 
coletiva.
arte: Portinari


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

personárvores



entrelaçados, os galhos,
uns sobre os outros,
seguem desvios,
dentro e ao redor

camuflados os sentidos
confundem-se as cores
num jogo obscuro de perspectivas:
o que está em primeiro plano?

profundamente fincadas
as raízes ensimesmam espirais
partindo e tornando a voltar
sem sair do lugar

troncos ocos e roliços
com nódoas em toda extensão
entortam de leve
o peso de suas copas

estas, sim, vistosas e cheias de si
em tons de verde degradê
simulam uma dança
entre luz e sombra

eis que, de repente, surge
um clarão devastador
na densa floresta
de aprisionamentos 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ponto e vírgula


                               Luar inventus 
                               Invejo os amantes 
                               Uns sorrindo 
                               Outros, menos

Vênus ali
À espreita
Vela
Mas também
Alumia

Boca e pinta
Ponto e vírgula
                                                       
                                                  Lua e Vênus
                                                Ao vê-los nus
                                          No veludo do céu
                                          Eu lembro de nós
 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Forças de atração

Nadava buscando a superfície. Não tinha mais ar para continuar debaixo d’água. Algo me puxava para o fundo, pesava meus braços e pernas. O peito apertado e os olhos vermelhos, cegos de pavor. Seria este o fim? Sem força para acreditar, deixei a correnteza levar meu corpo. E, como uma mãe embala o filho, bem junto ao seu coração eu adormeci, no fundo, do fundo, do mar. 

Colocou um pé atrás, pegou impulso e saltou. Ladeeeeeiraaaaa! No meio do caminho congelou o pensamento: “morri!”, mas tinha pouco tempo de vida e resolveu seguir com a gravidade até o fim. Foi quando o asfalto a parou que ouviu: “acorda!”

Toda manhã acordava sorrindo, levantava cedo e logo o calor penetrava sua pele. Passava o dia admirando aquele olhar, aquele único olhar capaz de hipnotizá-lo por horas. O mundo enfeitado à sua volta e ele só tinha olhos para o Sol. Da janela do quarto se via um campo de girassóis.

ali


No centro do fundo de mim existe um motivo. Não busco, nem calo. Desisto. O que me parece mais fácil. Parece apenas. A mesma força que move o ‘não’, corre para o lado oposto em poucos minutos. É labareda presa sem oxigênio, inquietude pueril.