terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meu Jardim*

Meu mundo enfim por dentro

Flores de um rebento

Crisântemos de vinho

Em desalinho


Antúrios na porta da noite

O vento que açoite

Horizonte lilás


Cuidado girassol

Jacintos no arrebol

Já reinam renitentes

Helicônia é a mais ardente


A Rosa princesa garbosa

É quem traz a viola, chorosa


Lírios soltos no ar

Meu jardim já não sabe esperar

Quero apenas sonhar

Que essa vida tem flores pra dar


Reviro meu jardim

Pois tudo tem um fim

Tenho pressa de tocar

Corais em pleno mar


Mas tudo é suave

E profundo, afeição

E segundo é água


Quero apenas cantar

As raízes, minha anima

Meu jardim, minha casa

Meu passado, meu modo de olhar


*Letra: Marcos Vidal / Música: Gabi Buarque

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Caixa Preta

Acordo pensando no exato instante em que me perdi de você. E no escuro em que me encontro nada faz sentido. Pergunto coisas banais e outras mais e as palavras se esfarelam no ar. Me alimento de vazios e meu chão se abre num abismo sem fim - estou sozinha. Não! Hoje me sinto só, acompanhada de dúvidas, cercada de incertezas e olhares... é, estes olhares de que tanto fala e deseja, me impulsionam neste abismo-escuro-vazio. Aqui só entra um de cada vez, nunca se está acompanhado num abismo. Como uma caixa sem fundo, o seu entorno é tão iluminado e colorido – é perfeito! Acho que isso deixa o vazio ainda mais vazio e o que está dentro da caixa, ainda mais sombrio - quanto mais belo o lado de fora, mais escuro e ermo fica aqui dentro. Algumas palavras batem na parede e voltam pra mim como facadas. Estou certa, estou errada? E quem irá julgar? Quando saberei o veredicto?